REENCONTRAR A SI, EM MIM

 

Era uma tardezinha qualquer,

E eu como toda mulher,

Com a cabeça a mil,

Cheia de pensamentos,

Projetos, Finanças e lembranças,

De momentos passados.

Até que ao virar a esquina,

Um cartaz me chamou a atenção,

Não sei se era a cor ou o que a menina tinha na mão,

Verde limão era fundo,

E a menina segurava o mundo,

Como que se suportasse,

Aquilo tudo,

Ela tinha um tipo comum,

Mas aquela certeza que ela passava era uma mensagem,

Pra nós que reclamamos tanto,

E podemos tanto,

Mas ficamos presos impregnados na rotina,

Mas que menina!

Roubou meus pensamentos.

Eu até esqueci por um instante o que eu ia comprar do feirante,

O mundo todo na palma da mão...

Será que ela estava falando sobre as possibilidades da internet?

Ou que nós mulheres somos tão fortes que aguentamos um planeta?

Ou talvez que ela é uma E.T. e nós não estamos observando bem o universo,

Sei lá...

Mas tive até que escrever um verso,

No verso,

Do caderno,

Que estava em mim mão,

Pra anotação das contas do mês,

Não sei se foi o ângulo do artista ou ela tinha uma cabeça maior do que o corpo,

Mas aa forma não era normal,

Comum,

Isso é o mais lindo de tudo,

A cabeça dela era maior do que o mundo,

Que estava em sua mão esquerda,

E a direita na cabeça,

No final das contas aquilo me mostrou o quanto sou distraída,

Não olho para ninguém ao meu redor,

Nem um bom dia eu dou,

Para os vizinhos,

Não observo os passarinhos,

Nem as flores que enfeitam esta cidade tão cinza,

Ando meio ranzinza,

Na verdade já faz anos,

Se eu não me engano 96,

Será que eu estou cinzenta por dentro?

Que não vejo a beleza ao meu redor?

E foi preciso um artista fazer um cartaz verde limão,

Pra chamar a atenção,

Dos robôs acinzentados que passam por ali,

De lá pra cá,

Daqui pra lá,

Que sacada boa,

Ao menos não sou mais a toa,

Eu olho tudo,

O que posso,

Saí da distração,

Dou bom dia e distribuo sorrisos,

Até tenho mais tempo para meus filhos,

Fico até com vontade de viajar,

Que maravilha,

Que um cartaz faz,

Na vida de uma pessoa,

Urbana,

Que esqueceu de sua própria sensibilidade,

Por focar demais em seus propósitos,

Que nem deveriam ser tão venerados assim,

Não por mim,

Que esqueci das belezas simples da vida,

De visitar a minha mãe,

De ligar para o meu pai,

De dançar quando a música toca,

Eu estava ficando louca,

Em enrijecer igual a uma estatueta,

Nem pensar!

Quero só ser quem sou,

E assim me encaixar só no meu lugar,

Que me propus encontrar na infância,

Enquanto minha luz brilhava,

E eu não me enganava,

A vida é doce,

Colorida,

Bonita,

Enfeitada,

Encantada,

Abençoada,

Ainda bem que retomei a memória,

Credo,

O que foi aquilo que me distraiu?

Hoje o espelho é meu amigo,

Que lindo,

Como sou feliz em ver meu reflexo,

As formas são perfeitas,

E eu APAIXONADA,

Pelo que vejo,

Em especial,

Quando solto,

Os meus cabelos,

Ou quando ganho um beijo,

Do Meu Amor,

Quando nossos olhos se encontram,

Como se fosse o primeiro,

E o último.