Dilema de uma cobra


Escondidinha e quietinha,

Nem um som eu manifestei,

Rastejando em busca de abrigo,

Me desloquei,

Por toda uma vida,

Enfrentei as tempestades,

Na perspectiva de quem rente ao chão está,

Mergulhei em profundos poços,

E não teve ninguém para me tirar de lá,

Me camuflei,

Me adaptei,

A chuva,

A humidade,

Rígida couraça,

Me protegeu até aqui,

Me machuquei muito pelo caminho,

Não tenho o porquê me despir,

E se alguém me agredir?

Ou me ferir?

De novo,

Só quero um pouco de alimento,

Que eu já me contento,

E sigo minha caminhada,

De tanto que tentaram me atacar,

Me violar,

Só sei me esconder,

De você,

Só sei me esconder,

Até para trocar de pele,

Me mantenho bem no escuro, pra ninguém ver como eu sou,

Aprendi a sobreviver,

Diz a lenda que um dia eu vou viver,

De verdade,

Sem parecer uma ameaça,

Sem que me julguem com o olhar,

Sem que me ofendam com palavras,

Sem que se refiram a mim como traiçoeira,

Sem ter que ficar na beira,

Ou no canto.

Deus me fez assim,

Para sobreviver e VIVER,

E assim, fez você!

Podemos ocupar o mesmo espaço,

Sem ter contato,

Se eu pudesse eu não encontrava mais você,

Mas vai entender,

O destino,

Somos espécies diferentes,

O seu alimento, 

Você pode escolher,

Já eu...

Quando consigo sou ladra,

Lá de onde venho tá tudo acabado,

Transformado,

Não tem o que comer,

Os seus acabaram com tudo,

Não pensaram em alimentar os meus,

Quem resiste vem pra cá,

Pra morrer,

Tentando viver, 

Ou por tentar de mais.

 

A galera tá curtindo mais esses aqui...