Entre cacos e trecos
Caminhei por lugares sombrios,
Por não ter opção após a partida,
Passei por flores falsas e borboletas entristecidas,
Maquiadas pra ninguém perceber,
Que choravam dia e noite,
Mas tinham que sobreviver.
Tinham gotas de veneno,
Passando por orvalho,
Tinham pássaros empalhados mal encarados.
O escuro era disfarçado,
Em meio ao estofado avermelhado,
Separados por núcleos,
Homens e demônios brindavam,
Diziam estar no céu,
Por desfrutarem de suas vaidades,
E explorarem suas vontades,
Intensamente,
Livres,
As luzes piscavam,
Por um defeito ou energia fraca,
Um cheiro de bebida, cigarro, desinfetante e sujeira
escondida,
Tinha uma coisa bonita,
A porta escrito saída,
Era o desejo mais excitante de minhas “amigas”,
Eles pensavam que era dinheiro,
Ou um pouco de bebida,
Mas elas só queriam ir pra casa,
Sendo respeitadas e se sentindo queridas,
Muitas não comiam nada,
E estavam desnutridas,
Abandonadas pelas famílias,
Acolhidas pelo caos.
Uma realidade escondida,
Abafada,
Como a sujeira jogada,
Pra baixo do tapete,
Desde os primórdios,
Protegem tudo,
Mas não no submundo.
Lá ninguém chega,
A Justiça é cega,
E a vara até enverga,
Pra não acusar,
Afinal todos se beneficiam,
A desigualdade social,
E falta de amparo legal,
Onde a Lei não atua,
Fortalece a dor do passado,
Que não passou,
Só mudou,
De lugar,
Do centro,
Para o fundo,
Ou para o canto.
Mas um dia a gente chega lá,
A pé,
Com fé,
De pé,
E iguala todo mundo,
E o submundo,
Deixa de existir,
Pois ninguém merece,
Viver assim,
A escolha parece ser difícil,
Mas é uma escolha real,
Manipulado,
Dominado,
Condicionado,
Como um cachorro na coleira,
Que não chega na beira,
Só sobrevive,
Como instinto,
Chora,
Ora,
Parece que ninguém sabe,
Mas Deus vê,
Tudo,
Até no submundo,
Onisciente,
Onipresente,
Uma hora o socorro vem!
Mas precisa pedir,
Se quiser sair,
E viver,
De verdade!



