Guerreiros de Capacete...
Hoje na minha corrida noturno, me
deparei com uma situação muito comum e sempre impactante pra olhos sensíveis, um
Motoboy se acidentou, durante o trabalho, raspando a moto na guia e machucou o
pé, danificou a moto e ainda sim correu para tirar a moto do meio da rua e leva-la
para o canto, imediatamente outros motoboys correram para o socorrer, como uma
IRMANDADE daqueles que são heróis do atual ritmo de consumo e da globalização das
relações de consumo desenfreadas que tomaram conta de quase todos os núcleos e
faixas da sociedade.
A cena é forte, a solidariedade é intensa, a parceria é linda de se ver, mas de
fato a minha mente viajou no universo destes rapazes e moças também, que
assumem enormes riscos todos os dias, horas, minutos, segundo, milésimos de segundos
para que o cliente esteja satisfeito, seja como transportadores ou mesmo como
executores de tarefas e diligências em curto prazo.
Neste mesmo sentido, na leitura da
obra literária Reforma Trabalhista no Brasil: Promessas e Realidades, onde os
autores demonstram os impactos negativos da reforma trabalhista no país na visão
das condições de trabalho do trabalhador e a exemplo disto, na página 129, um
dos autores, José Dari Krein, cita o evento morte de um trabalhador de moto, de
serviço de aplicativo prestado pela empresa Rappi (Sul-americana) situada no
Brasil, em que após fazer a entrega de uma garrafa de vinho veio a óbito e
somente foi atendido e socorrido mais de duas horas após, tanto pela empresa,
quanto pelos serviços de emergência locais.
No ano passado, aceitando o
convite no blog do meu Professor Jorge Souto Maior, assisti ao documentário Motoboys
VIDA LOCA pelo Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=SLTpA6J3CKQ
) , que ajuda, a nós que não vivemos essa rotina, nem mesmo a conhecemos de perto,
enxergar na perspectiva desses trabalhadores, ao menos um pouco, o que torna
essa profissão muito perigosa e a que mais ocasiona acidentes, com efeitos
drásticos aos acidentados e nem mesmo são amparados ou protegidos pela relação
de trabalho. Muitas discussões se iniciaram a respeito do vínculo jurídico da
atividade às normas existentes entre empresa e trabalhador, no entanto,
tardiamente, ou mesmo pela forma escancarada que estes motoboys na atual
realidade da alta demanda pelas contratações por empresas de aplicativos.
Fato é que, enquanto movimentos
ganham expressão, trabalhadores se agrupam para formar sindicatos que os
representem frente à um dos temas de maior relevância nas disputas jurídicas da
década, tendo a mesma força e reação que vi naquela cena de hoje a noite de parceiros,
IRMÃOS, que não se importam com quem está atrás da jaqueta preta e do capacete,
apenas ajudam imediatamente, parando o que estão fazendo, suspendendo a
entrega, para prestar o socorro, demonstrando a exemplo para todos nós a
humanidade a que carregam, naqueles olhos, muitas vezes cansados, mas cheios de
fé.
Por fim, gostaria de algum modo, através deste comentário, prestar minhas homenagens a estes guerreiros das ruas, que se arriscam por nós, para que nossa comida chegue quentinha, para que a entrega daquele documento importante chegue na hora, local e pessoa corretos, que passam muitas horas fora de suas casas para atender as altas demandas da coletividade, certamente se as leis atuais não os protegem, não devemos fazer interpretações mirabolantes das normas existentes, devemos exigir que os nossos representantes aprovem leis que humanizem este trabalho, assim como muitos outros corajosos da história política da nação fizeram ao se opor a forma de Estado que ampara alguns mas oprime e exclui a outros.
Pessoas que sabem cuidar de pessoas sobretudo...



