Corona vírus, uma reflexão sobre existência, subsistência e sobrevivência


Hoje em um papo rápido com minha irmã mais velha
Samantha Zduniak
e após responder sua postagem quanto a preocupação pelo descaso e ineficiência do poder público em tomar ações que vise contribuir com a sociedade como um todo na superação do vírus e de suas consequências, decidi escrever este comentário.
A falta de informação e as medidas drásticas a que vimos enfrentando nos permite questionar as ações do poder público em solucionar o problemas, mas principalmente, fazermos uma autocrítica do quanto contribuímos ou podemos contribuir coletivamente, em ações altruístas para a sobrevivência de todos, afinal de que adianta saber que minha estocagem de comida foi suficiente se meu vizinho não teve condições de pagar a conta de água do mês por ter sido dispensado do trabalho por medidas preventivas as quais ele não tem escolha, ou mesmo, se o fornecimento de água e recurso básicos forem cortados?
Existe uma grande parcela da população que carece de informação, recursos e assistência do poder público numa perspectiva cotidiana do enfrentamento de problemas ainda existentes no Brasil e no mundo desde sua criação.
Ocorre que, ninguém está preparado para enfrentar problemas dessa magnitude e o que temos em devolutiva é só notícias que nos preocupam e desesperam mais.
Em tempos em que o egoísmo e o egocentrismo estão presentes em cada ação do ser humano habitante do planeta Terra, nos pomos a refletir o que será de nós se continuarmos nesta toada de apenas pensar em nossos umbigos e no hoje? O que será daqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade e próximos do perigo mortal? É aceitável que nossas ações e pensamentos estejam voltados somente para nós? Precisamos lembrar que o próximo do nosso próximo somos nós e somente o altruísmo, a solidariedade e a empatia poderá salvar a todos.
Desde a criação da humanidade o Homem é o ser mais egoísta que habitou a Terra, usa desenfreadamente dos recursos naturais sem pensar que um dia não os terá, parecendo que vivemos em um planeta que há um tipo de portal mágico de fornecimento desses recursos e que comer uma floresta inteira, poluir e devastar, e então orar depois pedindo para que Deus provenha o pão são atitudes coerentes e aceitáveis.
Na medida em que os povos foram se procriando em longa escala, deveríamos ter pensado como melhor aproveitar esses recursos e o principal, como garantir o fornecimento de todos os recursos e não somente aceitar o uso sem reposição, dessa forma não estamos pensando nem mesmo na geração de nossos filhos e netos.
A música de Toquinho, "Herdeiros do futuro", poeticamente nos traz uma profunda reflexão sobre o que estamos fazendo para agradecer o que Deus nos dá e o que estamos fazendo pela vida e existência da Terra. Em especial o trecho que fala:
"(...)
Será que no futuro
Haverá flores?
Será que os peixes
Vão estar no mar?
Será que os arco-íris
Terão cores?
E os passarinhos
Vão poder voar?
Será que a terra
Vai seguir nos dando
O fruto, a folha
O caule e a raiz?
Será que a vida
Acaba encontrando
Um jeito bom
Da gente ser feliz?
Vamos ter que cuidar
Bem desse país
(...)"
Fato é que, muito se falou sobre sustentabilidade e sobrevivência do planeta, mas com poucas ações efetivas que pudessem tirar projetos do papel, pois a sociedade como um todo estava preocupada demais em repetir padrões de "conforto social" .
Muito se investiu em pesquisa por anos, muito se investiu em universidades e bolsas estudantis, muito se falou sobre as doenças do passado, muitas histórias de outros países foram contadas em nossas aula de história, mas o que o Brasil, país com maior diversidade de plantas, animais e minerais contribuiu com o futuro a que estamos vivendo?
Em uma história de colonização, extração e exploração de riquezas, territórios e da vida humana, o país fornece ao mundo muito do que aqui produzimos, mas somente para continuar atrás de muitos países quando o assunto é educação básica, erradicação da fome e miséria, saúde, segurança pública e políticas sociais.
Não é admissível que as cobranças quanto as soluções sejam apenas do poder público, quando toda a coletividade não está preocupada com o amanhã, daqui uma semana, muito menos um ano ou uma década. Os políticos lá nos representando são um reflexo do que podemos fazer enquanto sociedade civil ao nosso país, seja um bom representante ou um representante que rouba descaradamente e se enoja dos próprios cidadãos a que se é dado o poder de proteger.
Esses mesmos são eleitos ano após ano, por manipulação através do assistencialismo barato do período eleitoral, por meio de notícias falsas propagadas nas redes sociais e outros meios de comunicação, e até mesmo pela visão distorcida sobre fatos reais. Onde poucos desses se preocuparam em trazer a consciência crítica e política apartidária e construtiva a seus eleitores.
E hoje estamos discutindo o que? Se teremos tratamento a todos? Se teremos fornecimento de alimentos? Se teremos a prestação de serviços básicos? Se o poder público irá se empenhar solidariamente para trazer soluções a todos? Ou somente aos que hoje não expressam capacidade aquisitiva de recursos de sobrevivência?
É notório que estejamos preocupados, mas só nos preocupar é suficiente enquanto o que estamos discutindo é subsistência de toda a humanidade? Será que os tempos mais remotos que a historia do mundo já passou não nos trouxe nada de ensinamento sobre superação e solidariedade? Frente a tantas guerras vividas será que não somos capazes de sair do automático e encontrar pequenas grandiosas soluções práticas para sobrevivermos juntos a essa pandemia que toma conta desenfreadamente do mundo atual?
A minha resposta para essas perguntas é SIM, podemos vencer, nos proteger e sermos grandiosos enquanto sociedade, desde tenhamos a consciência de que todos juntos formamos um corpo, um corpo terrestre que se interliga em suas necessidades e contribuições, afinal Deus deu a humanidade o fogo da sabedoria, degustado por Adão e Eva nos primórdios.
Me recordo de minha mãe Ivone e meu pai Sovenil que sempre conseguiam criar soluções para nossas necessidade em casa quanto família, principalmente no que diz respeito ao prover da alimentação da família. Mesmo enfrentado dificuldades extremas sempre foram solidários, sempre nos ensinaram que podemos colocar mais água no feijão e fazer uma farofinha de ovo para alimentar a todos que estivessem com fome no momento.
Me recordo de muitas famílias morando em nossa humilde rica residência na Vila dos pinheiros, que hoje é uma das menores, mas a maior, com toda certeza em histórias para contar.
Podemos sim! Juntos! E com o auxílio de toda sabedoria ancestral de nossos familiares sobreviver a este tempo de calamidade, afinal todos os recursos que temos e todos os produtos do consumismo somente foram acrescidos em longa escala a menos de duas décadas pela região metropolitana e ainda até hoje não chegou a realidade muitos no país e no mundo.
Soluções inteligentes e altruístas somente são soluções se tiradas do papel e colocadas em prática por todos, pois se não são apenas vãos devaneios de uma sonhadora otimista com o futuro da população mundial.
A priori, precisamos repensar o consumo, reciclagem, compostagem, plantio, reuso e noções de higiene básica.
Eu acredito nas pessoas, acredito na solução, acredito no futuro da nação e da humanidade e acredito que Deus somente dá um fardo que possamos carregar.
Obrigada a todos que leram até aqui meu desabafo, espero ter provocado a crítica e despertado o lado criativo e sensitivo destes meus caros leitores.
Um abraço.
Carina Zduniak
20/03/2020

A galera tá curtindo mais esses aqui...