Clube de Literatura do João, para nos encontramos em outra dimensão


 Comentário sobre o texto Dom Casmurro: A obra prima da reciclagem de João Cézar de Castro Rocha


Eis que me deparo com um texto absurdamente fora de qualquer tempo. Um verdadeiro conector de almas e pensamentos, personalidades e entendimentos. Seria a essa a intensão do João? Acho que não, não tão profundamente quanto é possível analisar hoje. Talvez tivesse ficado claro o convite, mas se não percebeu não se irrite, a vida é assim mesmo, agora que já sabe, volta lá e leia de novo, voe com o João, sem tirar os pés do chão.

Apesar de existirem correntes de pensadores que defendam que a literatura brasileira é uma alusão a literatura estrangeira e que estudar a literatura brasileira é estudar a literatura comparada, na leitura do texto é possível que nos convençamos de que é necessário desconstruir o pensamento de referencial colonial para toda a produção intelectual do Brasil.

A literatura do Brasil é autônoma, embora facilmente as personagens de uma história se encontre em situação similar ou mesmo características de outras personagens de países colonizadores, assim se configura a vida e entrelaçamentos de histórias até os tempos atuais e que vai se perpetuar no espaço e no tempo futuro. Entender que as personagens de uma grande obra se conecta com outra obra literária é compreender que os nossos pensamentos podem revelar algo tão grandioso quanto o vínculo, com ou sem a intenção do autor, de dois mundos que jamais se encontrariam a não ser pela expressão literária de ambos nos livros os quais foram escritos.

Quantas vezes promovi casamentos felizes de personagens de um livro com outro que jamais teriam se conhecido fora de minhas ideias, pois eu decidi que aqui, no meu mundo, eles necessitavam se conhecer e direcionar as engrenagens para o destino que os autores não criaram, por falta de “tempo”, vontade ou mesmo porque se ficassem juntos daria outro rumo a história contatada. A literatura não é algo em que caminha sentido às regras, propriedade de traço de personalidade, cenário, enredo ou mesmo tema central, a literatura é uma das formas mais brilhantes de expressão da alma através arte, a qual necessita de espaço e asas para que a liberdade do autor possa se manifestar.

Outro ponto bastante intrigante no texto do João para esses encontros, é o Clube de Leitura ao final de cada texto publicado. Nestes, notamos que o autor sabe que não está sozinho, mesmo que fisicamente no momento da escrita esteja, mas, quando lemos cada texto e ao final nos deparamos com indicações, considerações e convites de leitura de trechos do livro ou de outros textos, é possível que nos encontremos imersos em um clube de leitura que ocorrerá ao tempo escolhido pelo leitor.

Ainda que, para o tempo da publicação não tenhamos notado, ao consolidarmos os textos e na era tecnológica de interação social eletrônica e remota, somos capazes de instituir encontros de pensamentos a partir da leitura e debate do autor, que deixa evidenciado que seu texto é um start, um ponta pé inicial ou mesmo um convite para que seus leitores conhecem todas as conexões de suas ideias quando faz análise de Dom Casmurro.

Que saibamos ir além do nosso tempo, sem considerar o tempo e ler a qualquer momento, suscitando traços do nosso tempo, que também estava naquele tempo e que não dependem do tempo ou da chancela de propriedade autoral para se manifestar. Afinal, em uma análise linguística, o ciúme, apesar de encontrar várias palavras para expressá-lo é um sentimento, que não tem endereço, corpo, evidência, capa, página, blog ou tempo para se mostrar.

Este texto foi fruto da atividade aplicada na disciplina de Crítica Literária no curso de Letras- Português e Espanhol da Universidade Federal da Fronteira Sul, ministrada pelo Professor Valdir Prigol, o qual solicitou que desenvolvêssemos um comentário sobre algum dos textos lidos no decorrer do semestre.



A galera tá curtindo mais esses aqui...