Reverberar


Deixei a porta aberta,

Na esperança de você voltar,

Estiquei o sofá.

Fervi um chá,

Esperei...

Esperei...

Esperei...

As noites ficaram mais frias,

E o céu mais cinzento,

Os sons ficaram mais distantes,

E eu fui mergulhando no vácuo,

Parecia que algo estava me segurando,

A minha voz sumiu,

Não porque eu não a tinha,

Mas porque eu não queria falar demais,

E citar o seu nome,

Em vão,

E no espelho,

No meu reflexo,

Perceber,

Que eu não estava ali,

Dentro de mim.

Eu não encontrei outra luz,

Que me fizesse sorrir de novo,

Boba...

Aquele sofá era eu,

E eu era o sofá,

As cores foram sumindo,

Eu não sentia o sabor,

Daquilo que era bom.

Os livros me entediavam,

E eu me acostumei a vagar,

Para lá e para cá,

Pensava demais,

Tentava entender o que passou,

Encontrar porquês,

E não sofrer com o agora,

Com as minhas escolhas.

Até que um dia despertei,

E me levantei,

Como se estivesse atrasada para um compromisso,

Me arrumei para um casamento,

Uma cerimonia solene,

Com direito a maquiagem,

E cabelos soltos.

Fui a seu encontro,

Sem marcar,

Como uma velha amiga,

E você me chamou para entrar,

E jantar,

E ficar,

Não com palavras,

Mas com o sorriso de seus olhos,

Que vibravam de alegria,

Ao me ver em sua frente.

O frio instalado,

Pouco a pouco foi ficando de lado,

Com o calor de seus braços,

Que me envolveram até que o inverno passasse,

Até que meu sorriso voltasse,

Até que o Amor em nós nos tornasse um,

Feito de dois,

Polos que unem,

Pela força magnética,

Por algo que não se pode compreender,

Nem calcular,

No intervalo de um suspiro,

Ou quando olhos se põem a piscar,

As batidas do coração aceleram e faz o corpo esquentar,

Faz o frio ir embora,

Faz a gente esquecer a hora,

Por querer eternizar,

Um milésimo de segundo,

E estar,

Onde eu quero,

Só pra te amar,

Sem importar o lugar.


A galera tá curtindo mais esses aqui...