PRE.CON.CEI.TO



Hoje quero exteriorizar um pouco do que pude aprender sobre essa palavrinha tão usada, mas que o sentido profundo é muito delicado encontrar, sem reconhecer que todos somos um mínimo preconceituosos, sem olhar pra si e enxergar as inúmeras lacunas que faltam preencher a respeito de determinado assunto, que muitas vezes trazem altos impactos nas nossas escolhas com ser individual e o que representamos na coletividade, direta ou indiretamente.

Como de costume, trouxe o significado da palavra no dicionário:

preconceito

substantivo masculino

1. qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico.

2. sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.

"p. contra um grupo religioso, nacional ou racial"


Para Carlos Neto, cientista social no site Toda matéria, preconceito é:


Preconceito é uma opinião formulada sem a devida reflexão ou exame crítico. Geralmente desprovida de qualquer fundamento, essa opinião acaba influenciando modos de pensar e agir, podendo determinar atos de intolerância contra pessoas ou grupos sociais.


Através de breve análise dos textos, posso tomar a liberdade de concluir que a opinião expressada sem que haja exame crítico, mais aprofundado a respeito de algo ou alguém é uma opinião preconceituosa, que acaba por ensejar atitudes de impacto negativo dentro uma sociedade plural a que estamos postos, que fortalecida pela ignorância e ausência da vontade de conhecimento acaba por enrijecer ainda mais esses conceitos criados pela mera analise superficial de alguém.

Na busca pelas raízes mais duras do preconceito, encontro na famosa "fofoca" muitas respostas para a pergunta principal deste artigo, POR QUE É TÃO DIFÍCIL COMBATER O PRECONCEITO NA SOCIEDADE?

A fofoca se configura na transmissão de informação superficial e preconceituosa, por agentes em posição confortável, que reduz o assunto a interesses pessoais, que justificam os preconceitos dentro si e que visam convencer o outro de verdades absolutas, passando a propagar essa informação ou parte dela a outrem e assim sucessivamente, até que um grupo esteja consolidando essa informação de modo que outras opiniões contrárias passem a ser absurdas e reprovadas pela maioria que compõe este grupo.

No entanto, quando nos colocamos a desconstruir esses preconceitos, passamos por momentos e situações de desconforto, pois, por mais que seja tão adorável aprender, a complementação de informações em nossa mente faz com que estas novas ideias e críticas façam parte de nós e então, ao olhar para o passado onde fundamos nossas atitudes, eivadas dos preconceitos que tínhamos, percebemos o quanto o preconceito é perigoso e um mal que precisa ser combatido, nas menores e maiores manifestações deste.

Como é sabido por aqueles que leem meus textos, eu sou uma pessoa que me encontrei quando expresso todas as bases de meu conhecimento a respeito de um assunto, sejam estas, nas relações da vida cotidiana, na minha história de vida, na educação que recebi de meus pais, nas informações através da leitura de livros, matérias jornalísticas, vídeos que assisto, filmes, nas religiões, no conhecimento acadêmico, na observação, enfim, como preconceito não foi diferente. 

                                             

Este tema, passou a ser ainda mais perturbador para mim, pois ao me dispor para fazer um trabalho acadêmico no curso de Especialização em Direito do Trabalho, na USP (que tive imenso prazer em frequentar as aulas, mas tive que decidir terminar outros projetos que iniciei), trabalho este que está divulgado na minha página no JusBrasil. Ocorre que, neste mesmo período eu havia iniciado um tratamento de autoconhecimento que me levou a conhecer muitas outras ramificações do EU na religião também. Logo, ao passo que eu ia fazendo as pesquisas e fundamentando o meu trabalho eu ia aprendendo o quanto eu também estava cheia de preconceitos em mim e, neste momento não cabe olhar para o outro se você não enxergar os seus próprios bloqueios, que por muitas vezes se configuram por experiências traumáticas que enfrentamos, o que dificulta ainda mais a abertura para a análise crítica e rompimento com os conceitos do passado que já não servem mais para afirmar o que eu pensava ser certo e bom.

Não estou dizendo que, ao ouvir uma opinião diferente da nossa, devemos anular os nossos conhecimentos a respeito do que se sabe, mas se não considerarmos os conhecimentos daquela pessoa, seja pela experiência prática ou conhecimento teórico adquirido pela visão de outras pessoas, estaremos fadados a viver em realidades paralelas em nossas mentes que NÃO condizem com a realidade vivida e enfrentada por muitos, alguns, poucos ou uma única pessoa que seja.

Agora vou trazer dois ENORMES exemplos de preconceitos que se fundamenta na propagação reiterada de informações distorcidas e verdades absolutas:

O primeiro é sobre o preconceito na POLÍTICA, pois atualmente, quem nunca pensou, deu ouvidos, disse, compartilhou ou postou informação sobre "opositores" políticos nas redes sociais, em grande maioria partidos que estão no poder há anos? É fácil lembrar né? E é um fato, EU JÁ, infelizmente e tenho que admitir, mas "pau que bate em Chico também bate em Francisco", do mesmo modo que existe preconceito de lá, também tem preconceito de cá. 

Por isto, como militante política, pessoa filiada ao Partido dos Trabalhadores, o PT (partido este, de maior alvo das críticas dos colunistas políticos do Brasil), que participou de incontáveis reuniões, encontros, debates e movimentos, estive em contato com militantes, especialistas, representantes públicos, dentre tantas outras pessoas que se dispõem a acordar cedo ou dormir tarde, na luta por dias melhores  e pela conquista de direitos, na remodelagem da sociedade, ao lado daqueles que se propõem a reconstruir o hoje com o que temos de melhor, posso afirmar, ESTES MOMENTOS FORAM OS MELHORES DE MINHA VIDA, pois fui muitíssimo respeitada, ouvida, com espaços de fala suficientes para expressar tudo o que eu almejava no momento, gerando debates e discussões calorosas, que ao final sempre contávamos com mediadores muito bem preparados para organizar as falas e consolidar o que lá fora debatido, claro que sempre existem pessoas com interesses não explícitos, mas em outros lugares que frequentei estive em contato com pessoas com índole muito pior ou igual.

Fiz muitos convites, pois todos os debates eram abertos ao público ouvinte, com temáticas diversas, no entanto, poucos foram até lá para conhecer de perto cada um daqueles que se importam tanto com a política nacional,  para fazer um exame sem o peso dos preconceitos existentes na cabeça de cada um. 

E sabem o que me deixa mais inconformada? É o fato de que independente da maneira com que esses militantes se entregam ao seu propósito, se é através de adquirir mais conhecimento para compartilhar, se através de manifestações, da participação cidadã, petições públicas, movimentos sociais, artísticos, ou seja, qualquer atitude feita por um filiado ao PT ou defensor de pautas defendidas pela esquerda, já nasce com o peso da opinião pública negativa que foi forjada a sangue frio sobre essas pessoas, que não têm culpa alguma da falta de respeito disseminada em cima deste grupo ou individuo. 

Assistindo as aulas do curso FASCISMO ontem e hoje, entender para derrotar pela Fundação Perseu Abramo, além de diversos outros filmes, textos e livros a respeitos de outros movimentos integralistas e totalitaristas como os negros e os índios no Brasil, o fascismo, nazismo e o apartheid, dentre tantos outros, onde a ideia preconceituosa de alguns passa a se tornar absolutista, fanática e principal motivo para causar a guerra e a disseminação de milhões de povos, passo a encontrar inúmeros elementos que caracterizam este fenômeno muito bem articulado no momento atual, que vêm imputando a estes (que conseguiram mudar positivamente os dados do desenvolvimento do país), a figura de "inimigos" da nação, se valendo do ódio, medo e características vulneráveis de determinados grupos . 

E essas ideias correm ainda mais rápido com o uso da internet, onde uma simples postagem com figuras e textos cheios de mal dizeres a respeito do Partido dos Trabalhadores ou de um candidato, é capaz de impactar a opinião dos internautas ao ponto de levar um presidente ao poder, uma manifestação política se tornou objeto de brigas e rixas entre familiares, amigos e colegas de trabalho, notícias falsas que visam aumentar os preconceitos e ignoram todo um processo de construção social em curso e a importância do combate através do conhecimento.

Outro exemplo, este em especial, pois tive que enfrentar o meu próprio preconceito, foi o fato de ter tido a oportunidade de, após a aprovação em processo seletivo para o curso de Especialização em Direito do Trabalho, passei a frequentar aulas em uma das maiores universidades de Direito do país, a Universidade de São Paulo, a tão conhecida USP. Em 2010 eu tentei entrar na USP, sem conhecer a faculdade ou o grau de dificuldade, fiz um cursinho pré-vestibular e prestei a prova, quase chorei, na primeira hora entreguei a prova sem saber quase nada do que lá estava escrito, neste momento se foi a minha esperança de frequentar as aulas para o curso de Direito lá e com a minha nota do ENEM ingressei em outra faculdade particular. Pois bem, passados 9 anos, por inspiração de uma colega de trabalho e me sentindo convidada na leitura do blog do meu Professor Jorge Souto Maior, fui estudar para prestar a prova da especialização e passei, foi muito impactante, eu nem imaginava o que encontraria, nem sabia o que levar pra aula, nem sabia como deveria andar, coisas tão bobas, que vieram a tona, pois eu desmerecia o meu mérito de ter estudado e passado, estando apta a frequentar as aulas e adquirir todo e qualquer conhecimento compartilhado naquele espaço incrível de aprendizado, além de compartilhar é claro! 

Conheci pessoas incríveis, como colegas de sala e meus professores, que me permitiram mergulhar em universos do conhecimento sensacionais, apesar de vivido a duras penas na minha vida cotidiana muito que foi exposto nas aulas, mas sou imensamente grata, também pelas exposições de meus colegas, sejam os que ampliaram a minha visão sobre algo que eu já conhecia ou aqueles que me apresentaram coisas novas. Foi maravilhoso! E muitas pessoas que eu conheço gostariam e sonham em estudar na USP e não se acham capazes ou pensam que vão se deparar com uma realidade muito longe do que encontram nas salas de aulas de outras universidades e não é isto, apesar de não termos tido o mesmo conteúdo programático desde a infância que a maioria dos alunos da USP, nós, alunos da rede pública, baixa renda, com pouco acesso a cultura, esporte, lazer, também vivemos inseridos na sociedade e somos dotados de muito conhecimento a respeito daquilo que presenciamos. Então, eu digo, se você sonha em entrar em uma universidade como a USP, não desista de seu sonho! Estude, preste a prova e persista! Os livros exigidos no edital estão disposição para serem adquiridos ou emprestados e mesmo se não passar, agradeça ao conhecimento obtido, pois é engrandecedor ler, aprender, conhecer e ensinar o que se sabe. A FACULDADE DIREITO DA USP É PÚBLICA, SEM CATRACAS E AS AULAS SÃO MINISTRADAS DE MANHÃ, TARDE E NOITE, ALÉM DE MUITOS OUTROS ENCONTROS GRATUITOS, BASTA QUERER ENTRAR, SENTAR E PARTICIPAR! É DE TODOS NÓS!

Por fim, afirmo que, se não houver relacionamento humano, troca de ideias, agrupamento de pessoas de diversas partes da sociedade, com visões diferentes, dispostas a aprender e compartilhar, não haverá evolução e desenvolvimento humano, pois a base de muitas coisas ruins que acontecem e atrasam o progresso é a falta de conhecimento, respeito e excesso de preconceito enraizado e estruturalizado, seja na fofoca com a vizinha, seja na divulgação de conteúdo sem embasamento ou mesmo no conforto de permanecer em um circulo de pessoas que pensam como você.

O PRECONCEITO É A PEDRA QUE BARRA O DESENVOLVIMENTO E IMPEDE QUE GRANDES IDEIAS CIRCULEM E ALCANCEM AS PESSOAS QUE PRECISAM OUVIR.




                                              

A galera tá curtindo mais esses aqui...