Lá no bar...
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Sabe ontem lá no bar?
Eu só queria conversar,
Com qualquer um que quisesse me ouvir,
Eu só queria esvaziar,
Minha mente,
Turbulenta,
Sabe ontem lá no bar?
Eu falava dez palavras ao garçom,
Que só sorria superficialmente e corria apressado,
Pra servir a todos,
Muito ocupado,
Só tinha ele ali,
Sabe ontem lá no bar?
Eu queria era ficar,
Me embriagar,
Afogar as mágoas,
Da culpa futura,
De ter que lembrar de alguém tão alegre que fui,
E não me reconheci na tristeza,
Sabe ontem lá no bar?
Apesar de tantas regras dizendo pra eu não ir,
E me proteger,
Eu quis me arriscar,
Pela minha mente,
Que não para de pensar,
Sabe ontem lá no bar?
Eu pedi três tipos de cachaça,
Pedi cerveja,
Pedi martíni,
Pedi Domeq,
Pedi uísque,
Pedi companhia,
Postei uma foto,
Mas ninguém curtiu,
Nem reagiu,
Nem me chamou no privado,
Sabe ontem lá no bar?
Eu não consegui me esvaziar,
Estava me sentindo arrependido demais,
Queria um pouco de paz,
Mas não encontrei,
Só disfarcei um pouco,
O gosto amargo de ver o pecado em tudo,
Até em mim,
Que desgosto,
Lembrar do que eu fiz,
Pensar como foi que que cheguei até ali,
Arrependido,
Sabe ontem lá no bar?
Parecia que o mundo ia acabar e eu tinha que soterrar,
Aquelas merdas que eu fiz,
E guardei calado,
Me senti bem no momento,
Eu acho...
Sabe ontem lá no bar?
Uma menina parou pra comprar cigarro,
Desceu bem rápido do carro,
E eu queria ir com ela,
Pra onde ela quisesse me levar,
Eu nem queria trabalhar mais,
A bebida estava consumindo a minha mente já,
Quando eu chegava no trabalho spo queria reclamar,
Tudo o que estava fora do previsto me estressava,
Dava vontade de sair,
Tomar uma e depois voltar,
Mas eu não podia sair dali,
Tinham tantas câmeras,
Catracas,
Seguranças,
Até minha digital ia constar que saí,
Eu não queria me embriagar,
Só queria mesmo era aliviar,
A dor da opressão do meu patrão,
Que insiste em olhar pra nós e só enxergar o cifrão,
Entrando na conta dele,
Mas o que ela não se dá conta,
É que tudo tem um preço,
E o que não é monetizado,
É porque tem valor,
Não dá pra pagar,
Mas dá pra agradecer,
Dá pra se importar,
Dá pra cuidar,
E enriquecer a vida daqueles que se dispõe a conciliar,
Um sonho aos objetivos dele,
Que sabe esperar,
O dia do pagamento,
Mas eu não bebo por causa do trabalho não!
Sabe ontem lá no bar?
Minhas memórias se punham a me atormentar,
Traumas de tudo o que vivi,
Pela visão de alguns que conheci,
MINHA VIDA TODA FOI TRAUMÁTICA,
Mas eu não sei o que fazer,
A não ser beber,
Pois se eu chegar no médico e me abrir,
Ele vai me dar sermão sobre o que passou,
E eu não posso voltar atrás,
O que ele não sabe,
É que cada vez que eu vou no bar tem um motivo diferente,
Eu não vou só por causa de um irritação,
Eu vou mesmo pela falta de companheirismo,
Ou pela busca dele,
Que encontro em cada dose,
Cada gotinha,
Sabe ontem lá no bar?
Se o mundo acabasse,
E eu tivesse que morrer ali,
Eu estaria mais feliz,
Do que ficar olhando para o passado e me sentir culpado,
Eu mudei muita coisa ,
Pois aprendi,
Com Amor,
Mas tudo o que me mostram sem respeito,
O sangue sobe e respondo do mesmo jeito,
Eu vejo os caras que moram na rua,
Dá até vontade de largar tudo e viver assim,
Um hippie urbano,
Mas eu não me engano,
Vou me segurar no trampo,
Pra poder comprar minha amiguinha,
A dose de cana de cada dia.



