Gente inocente!



Fonte da imagem: https://www.reportermt.com.br/geral/programa-preve-adocao-de-idosos-abandonados-em-abrigos-de-mt/83921

 

“Burrinha” demais,

Meu portugueis num é formal,

Minhas frase começa no plural,

E termina no singular,

Eu num fui na escola,

Num sô Dotora,

Nem professora,

Só sei ensiná arrumá a casa,

Fazê comida,

Lavá a roupa,

Limpá a casa,

Tudo bem feitinho,

Com muito amor e carinho,

Mas dessas coisa de política eu não entendo,

Nem gosto,

Só safadeza,

Na hora de votá eu pergunto qual é número pro minino que fica lá na sala de votação,

Eu aprendi lê e escrevê,

Um pouco,

Os moço de terno peto lá da prefeitura nem deixa eu explica o que aconteceu lá na minha casa,

E já me dero logo o papel pra pagá,

Déro e falaro que tinha trinta dias pra pagá,

Só que eu num tenho esse dinheiro,

O moço que eu votei tá lá,

Eu sei pela cara que apareceu na urna,

Não sô muito boa de nome,

Vejo ele na TV e num intendo porque todo jornal fala mal dele,

Eu tô é cum medo de virá jacaré, igual ele falô,

Eita essa vacina tem que vê qualé que é,

A minina da Maria morreu disso aí,

Purisso eu fico quietinha em casa,

Mas aí como eu num vendo minhas cocada,

Num tem dinheiro pra pagá as conta,

Lá na Caxa tá lotado todo dia,

E esse tal auxílio é só pelo celulá,

Ano passado eu peguei mas esse ano num apareceu nada,

Mas também, a internet da Claro num pega aqui,

Tem que saí na rua,

Rapidinho,

Éh... num deu certo não!

Num tem nada dessa vez!

Outro dia eu ajudei,

Como sempre faço,

Veio um rapaz aqui na porta de casa pedir roupa,

Só depois eu vi uma caxa virada na calçada,

E as roupa tudo espalhada na avenida principal,

Aqui na cidade,

Será que déro pros menino que mora na rua e eles num quiséro?

Ou será que caiu do carro dele?

Tava tudo suja,

Eu dei umas calça que o Altair ainda usava,

Mas ele disse que era pra ajuda umas pessoa que precisava,

Então eu dei,

O Altair tem mais três,

Tá bom, né?

Ai... nem pra esse auxílio caí,

Enquanto isso nóis vai fazeno dieta,

E comeno uma refeição por dia,

As quatro da tarde,

Almojanta nóis chama,

Na outra é bolacha salgada e café ralo,

 

Tô com medo da doença,

Mas o esquecimento das autoridade é pior,

Nóis é véio,

Tamo fraco,

Cheio de conta atrasada,

A luz já cortô,

A água vai cortá,

Sabe o que nóis tá fazeno pra distraí?

Dorme a tarde e a noite.

Aaaah se meus filho num tivesse que trabalha tanto vinha lá de Brasília pra cá,

Mas Deus me livre eles fica sem emprego,

Com aquelas crianças tudo pra cria,

Sem escola porque num tem computado em casa.

Já aqui em casa a noite, quem vê de longe pensa que tô velano alguém,

É tanta vela que ascendo ...

A Rute me deu um arroz mês passado,

Tô fazendo rendê,

Cozinho bastante que é pra ele cresce,

Já o Altair pegou um feijão da doação da igreja do vereado Ribeirão,

Mino moço que ganho ano passado,

Era do mundo e se converteu,

Amém, glória a Deus!

Agora vai pregá a palavra lá na prefitura também,

Só vitória,

Ao menos se nóis morre sem tê o que comê nóis morre feliz,

De sabe que alguém de Deus tá lá,

Nóis tá aqui orano por ele.

Me lembro dos tempo que eu morava na roça,

As vezes a gente ficava têno que comê abóbora três meses, com vagem, arroz e feijão,

E achava ruim,

Era salada, cozida, bobó, doce, compota,

Mas hoje sem tê um pedaço de terra,

Nem ajuda,

Nem aposentadoria,

Afinal eu mandei os documento num advogado mas ele num responde mais,

Nem emprego, dá até pra entende, nóis é veio...

Mas pra mim, é a mesma coisa que morrê, mas tá vivo,

Só pra se vê definhano pelo espelho.

 

A galera tá curtindo mais esses aqui...