TEMPO e POSSIBILIDADES, uma reflexão sobre a vida

 

O tempo é a reiteração das oportunidades que temos de fazer a mesma coisa sempre da mesma forma, ou a mesma coisa de formas diversas, fazer coisas diferentes de formas iguais e até mesmo, fazer coisas diversas em formas diversas.

É um erro pensar que podemos controlar o tempo, ou mesmo resultado de nossas ações, mesmo que tenhamos alcançado aptidão técnica para realizar o feito, somente tomamos consciência e maior compreensão do que antes se tinha sobre as etapas de tal processo ou procedimento e não domínio ou controle.

Assim se observa no bolo da Dona Cotinha, que obedece a receita tradicional da família, respeitando tudo o que se pode fazer para obter o resultado almejado, no entanto, ao final não há que se falar em êxito certo ou ganho, mesmo que a Dona Cotinha faça graduação em química, gastronomia ou confeitaria, dentro desse tempo inúmeros fatores e elementos pertencentes ao ambiente contribuem para o resultado.

Se a Dona Cotinha, mudar a ordem dos ingredientes inseridos na vasilha, não trará a certeza de que ela alcançará o êxito, nem mesmo o insucesso da receita, ainda que já tenha o feito antes muitas vezes.

Mesmo que a Dona Cotinha faça com maior lentidão ou rapidez, as etapas serão concluídas da forma em que forem realizadas, levando em consideração todo o UNIVERSO de possibilidades.

Já o tempo outrora citado tem mais a ver com caixas de sapato vazias, representando os segundos, que passa por você, se você estiver olhando para ela, ela passará vagarosamente para que a aprecie ou a utilize, sabendo que ela passa só uma vez a sua frente; se você olhar para outro lugar quando ela estiver passando, ela passará que você nem perceberá. Se quando a caixa passar, você a preencher com algo, naquela caixa não caberá outra coisa, e somente a próxima estará disponível para preencher ou não, você pode preencher essa caixa consigo mesmo ou com outrem...seja com o que for, coisas, pessoas, enfim, ou só observar as caixinhas passarem diante de seus olhos, como oportunidade de acumular caixinhas cheias ou vazias, ciente de que os resultados provenientes do preenchimento ou não das caixas afetam tudo e todos a seu redor, que estiver conectado, como uma cadeia de produção.

Desta forma, trazendo esta analogia para a vida podemos sugerir que, se tivermos realizado ações e no tempo utilizado para o devido fim, não lograrmos êxito no resultado esperado, pode-se identificar ou não, uma série de fatores internos e externos que contribuíram para o não sucesso de tal procedimento, no entanto, para que se tenha absoluta certeza do que contribuiu ativa ou passivamente no resultado é necessário que se tenha ampla compreensão de todo o universo, tudo o que acontece ao nosso redor, todos os efeitos da natureza, tudo o que existe, ou seja, aquilo que ainda, quanto espécie humana, não alcançamos.

Continuamente a isto, não podemos dizer que obteremos resultados idênticos na repetição do procedimento incluindo os mesmos elementos, nem mesmo que alcançaremos a “perfeição”, pois tudo é perfeito, antes ou depois do processo de transformação da matéria, sejam os ingredientes transformados em massa, seja a massa batida em bolo, seja o bolo em alimento. Essa tal “perfeição” que tanto se falam, nada mais é do que a criação de um modelo ideal (que existe apenas no mundo de suas ideias) pelo cozinheiro ou consumidor e a auto exigência quanto a reprodução de sua ideia para o mundo físico, a realidade terrestre, valendo-se das formas, meios, elementos e tempo que a si está disponível.

Concluindo, é insano pensar que se têm controle sobre o tempo ou sobre a possibilidades e resultado dos processos em nossas vidas. Ame o diferente, ame ser você mesmo, ame não parecer o resultado da produção de uma máquina, que cospe modelos idênticos e sem personalidades autênticas repetem padrões de fala, ações, que sem fazer uma seleção passa a tornar a vida comum e fácil de ser vivida, pelo conforto de se igualar e não pela excitação de ser ÚNICO e imprevisível.