O sonho de meio ano
Acordei a meia noite,
De um sonho muito louco,
Sonhei que estava acordada,
Andando desvairada,
Pelos corredores da faculdade,
Na principal da cidade.
Tinham alunos e professores,
Sorrindo e cheios de mordomia,
Tinham estátuas dos deuses antigos,
Do Direito e Economia,
Em perfeita sincronia.
Eu vagava e encontrava uma sala,
De pessoas distraídas,
Que nem me notavam lá,
Eu sentava no fundo,
Para continuarem sem me notar.
Apresentei até um trabalho,
E recebi até aplausos,
Por dizer o óbvio,
Por falar sobre Direito Social e Economia,
Uma mistura que na aplicação não se separam,
O que eu pensava que sabiam.
Mas que estranho isso tudo,
Meu celular eu deixei no mudo,
Pra o professor não atrapalhar,
E atenciosa escutar,
Tudo o que ele tinha a dizer,
Aprender e ensinar,
Minhas irmãs e irmãos,
A enfrentarem a desumanidade,
Juntos,
Pois percebi que na verdade,
Falta muita proteção!
Esse sonho alucinante,
Até que era interessante,
Eu estava lá mesmo,
Mas parecia um fantasma,
Em meio a interesses iguais,
De opostos que se atraem!
Pra mim tudo era novo e difícil de entender,
Mas eu anotava tudo,
Feito uma máquina de escrever!
Cheguei até a conversar,
Com um ...
Com outro ...
Que se dispunham a me escutar.
Pois sem bons ouvidos não se faz um diálogo.
Quando o ano passou,
Percebi que aquilo era realmente um sonho,
E que eu não deveria estar ali.
E queria acordar!
Foi a minha curiosidade de saber como tudo funcionava,
Para não me perder em vãs desilusões,
Acho que no fundo,
Foi um impulso do acaso pra me mostrar mesmo que posso,
Mas que na verdade, é necessário me questionar se devo.
Eu estava tão esquisita, nem me sentia bonita!
Longe de meus amigos,
Perto de conquistar um objetivo,
Que não estava disposta a pagar,
O preço que se pede,
Para o fim alcançar.
Dei meia volta e retornei,
Não ao ponto de partida,
Pois com a bagagem que carregava era impossível,
Intangível!
Aprendi tanta coisa,
Sobre o mundo que há em mim,
De possibilidades abstratas e que não posso mais fugir,
No caminho de volta para casa percebi...
Que meu celular esqueci,
Lá na sala,
Pois não estava na mala,
Preferi deixá-lo lá para não precisar voltar,
E talvez encontrar,
A vontade de continuar,
A vagar naquele lugar.
Cheio de gente bonita que resumem a vida a estudar,
E soluções a muitos problemas encontrar...
Eu também escolhi isto,
Mas de um jeito mais esquisito,
Bonito,
Que não imito,
Ninguém!
Sou só eu ...
Eu mesma, me valendo dos mesmos caminhos percorridos,
Mas indo além,
Pois preciso esse caminho alargar,
Para os meus que virão também passar,
E convidar outros que virão depois,
Se quiserem alcançar,
A mesma força,
De uma moça,
Que insiste em lutar,
Que faz isso por mérito próprio,
Desde que enxerguem que TODOS somos UM!
Que parece estar sob efeito do ópio,
E não sente dor,
Adormecida de amor,
Voltei a dormir,
E agradeci,
De ter encontrado um pouco mais de mim,
Ali...


