O primeiro passo
Curiosamente,
Me pus a caminhar,
Na orla da praia,
Beirando as águas do mar.
Foi num pequeno morrinho,
Que lembrando de minha infância,
Segui naquele caminho,
Cheio de plantas diversas e flores silvestres,
Setas grande e pequenas,
Apontando para lá e para cá,
Para cima e para baixo,
Sempre direcionando onde eu deveria escolher chegar.
Comecei uma viagem no tempo,
E me perdi em pensamentos,
Do passado tão amado e do presente a que vivendo eu estava.
Sentei num degrau de uma pequena escada,
Que eu nem sabia onde levava,
Aquela construção deteriorada,
Com a porta emperrada,
Faz de mim desolada,
Assim como nas matas eu adentrava,
Acompanhada de meus pais,
Buscando não sei “o quê” e nem o “porquê”,
Talvez me preencher,
Daquilo o que eu não podia ver.
Não sabia onde aquele caminho iria me levar,
Mas podia ouvir o mar,
Que me trazia conforto,
E subindo até o topo,
Encontrei um mirante,
E lá conheci um pássaro elegante,
Que me cumprimentou e depois voou apressado,
Rumo ao acaso.
Ali meditei e avistei outro trechinho de caminho escondido,
Ou esquecido,
Descendo percebi uma piscina natural,
De água cristalina,
Com pedras que complementavam e integravam o cenário
paradisíaco,
Protegido por um imenso canion,
Em uma fenda rochosa permitia a luz do sol visitar,
Ali, me fiz sereia,
Enxerguei com os olhos da alma,
E encontrei o que não sabia que me aguardava antes de dar os
primeiros passos.
Guardei em segredo nos mais longínquos pensamentos,
Conectada com os fragmentos mais sensíveis de meu ser,
Reaprendi a viver!
Naquela tarde,
Naquele caminho,
Que sei não estar sozinha,
Pois tudo Eu sou!
Em meio a peças perdidas,
Tentando se encaixar em espaço desconexos,
Grandes ou pequenos demais,
Como embarcações presas no cais,
Sem nunca conhecer o mar,
Sem encontrar o seu lugar,
Impedindo que outras também encontrem os seus,
E sem se permitirem arriscar,
Sem transportar,
Sem se desamarrar,
Sem se identificar,
Sobrecarregam o porto,
E outras embarcações não podem atracar.


