C.E.P.
Abri a janela,
No horizonte colorido,
Modificado pela paisagem de pedra,
Construído por Deus também,
Pelas mãos dos pedreiros,
Cada casa,
Que se faz abrigo,
Para meus vizinhos,
Amigos,
Ou desconhecidos.
Muitas formas e cores elas tem,
Umas são quadradas,
Outras retangulares,
Algumas são cinzentas,
Outras avermelhadas,
Tem as verdes,
Roxas,
Azuis,
Rosadas,
De laje cimentada,
Telha,
Ou telhado,
Quase todos têm abrigo,
Alguns tem uma casa de papelão,
E dormem no chão,
Nas calçadas,
Cobertas ou não.
É impossível não notar,
A família de gigantes que se instalaram lá,
A direita de minha janela,
A esquerda em minhas ideias,
Não sei que forças o fizeram ficar ali,
São tão grandes e grandiosos,
Fazem jus a seu poder,
Abrigando os filhos de Deus,
Que a sociedade quer esquecer,
Não ver,
E se viu,
Fazer parecer que não notou,
Eram tantos que passavam frio,
Não tinham CEP para empresa "boa",
Empresa "grande" contratar,
A quem vê de longe,
Não percebe,
Que o sistema informatizado,
EXCLUI,
Aquele pedaço,
Que algumas empresas,
Chamam de zona de risco,
E os prestadores de serviço correm perigo,
Por causa de um fato criminoso,
Deixam de prestar serviço,
Aos milhões que ali estão.
Obrigada de coração,
Aos gigantes que me impediram de ver parte do Sol nascer,
Mas que deu esse presente aos muitos que podem se abrigar,
Podem ter acesso mais fácil,
Podem de outra realidade desfrutar,
E voltar a acreditar,
Na política que cuida,
Que se importa,
Com aqueles que mais precisam,
Em primeiro lugar,
É desse lado que eu quero estar,
O que vê na matéria motivo, meio ou abrigo,
De doar,
Equilibrar,
Alimentar,
Os filhos da pátria mãe Brasil,
Como irmãos,
Que todos somos,
Independente de credo, sexo, cor, religião ou C.E.P..
Eu os admiro e honro,
Passo lá todos os dias,
E me dá gosto de ver,
tanta gente feliz,
Tendo um canto para zelar,
Chamar de lar,
E até mesmo ser selecionado,
No emprego tão desejado,
Sonhado,
Ao menos na primeira etapa,
Sei que a constituição não prevê esta modalidade,
De discriminação,
Mas eu preciso alertar,
O que meus olhos estão vendo,
Que crianças, jovens, mulheres, homens, adultos e idosos,
estão sendo barrados na catraca,
Mesmo sendo estes o melhores em criatividade na luta pela sobrevivência,
Tendo que implorar pela clemência daqueles que estão no poder de escolher e julgar,
"Ossos do ofício!"
Não dá para atrelar um CEP ás características determinadas como discriminação,
Mas dá para puxar pelo e-Social,
Fazer uma tabela dinâmica,
Um gráfico,
Uma apresentação,
Do mapinha de onde estão residindo aqueles melhores cargos e salários,
Após pinte com cores que misturadas representam aqueles locais onde estão residindo as pessoas,
Conforme a "classificação" legal de cor,
Então veremos quais os CEPs com cores mais escuras.
Façam sozinhos esse trabalhinho!
Depois é só compartilhar com o coleguinha,
E ver quais as divergências encontradas,
No dados,
Do sistema.
Se precisar fazer pesquisa,
Faça pessoalmente,
Esclareça a acada entrevistado suas intenções,
Pois vai que os dados de alguém sejam utilizados para fins que ele não concorda,
Ou mesmo que você obteve acesso a informações de sistemas que a lei proíbe de ver.
Afinal,
Nunca se sabe qual é CEP final dos dados coletados na pesquisa,
Mesmo que autorizada.
E ao anoitecer anoitecer eu olho para o horizonte,
Agradeço a cada pedacinho,
Mesmo tendo um córrego ao invés de um rio,
Sabemos que este precisa estar lá,
Para não alagar,
Por que graças a Deus aqui no meu CEP chove,
Amém, GRATIDÃO!



