UM SINAL
Acabei de chegar,
E preciso entender os sinais,
De multiplicar, dividir,
De menos e de mais.
Se a virgulinha eu coloco na frente,
Ou atrás,
Se precisa de zero depois que ela passar pra lá,
Ou se ela ficar no mesmo lugar, tanto faz.
Às vezes eu amo florzinha,
Às vezes passo que tanto faz,
Às vezes eu arranco e tiro cada petalazinha,
E em outras nem água eu jogo mais.
Se o marcador das horas é o maior,
Ou o menor.
Já sei que não é um ”tanto faz” que vai resolver,
Na hora de o troco devolver.
Não adianta chorar,
Já entendi,
Eu tenho que estudar,
Se eu quiser sair daqui.
Não que seja ruim,
Mas eu cresço permaneço,
E meus amigos se vão,
No progresso programado,
E que é bom,
Eu só não estou acostumado.
A infância me estagnou,
Eu pensava que tudo era conforto e quentinho,
A sensação é que toda superfície é macia como um colchão,
E que não preciso pensar no bem-estar do vizinho,
Que todo mundo que sorri num bom dia é amiguinho,
Ou que só preciso olhar para o meu umbiguinho.
Doeu mas aprendi que NÃO é NÃO.
Ninguém me deu um sinal,
Um toque ou uma dica,
Fui sendo apresentado e no final…
Estava sendo avaliado, pra ver quem sai e quem fica.
EU NÃO POSSO FALAR TUDO,
Nem aprendi inglês e francês ainda.
Esse é um pedacinho do mundo,
Que tá muito feio, um absurdo,
Ao menos vou deixar a minha vida linda.
Aí vem aquela menina,
Só porque limpou a retina,
Diz: “NÃO É QUE A INFÂNCIA ESTAGNA”,
Com aquela voz que me irrita.
“É você que não aprendeu a olhar por cima,
Do problema,
E perceber que o que criou não pode ser maior do que você”.
Fica dizendo que eu interpretei errado,
Ou não sei ver a beleza,
Fala, vai anda, por que PAGAM TÃO CARO pra propaganda?
Deve estar louca, COM CERTEZA!
Vou voltar a brincar de ciranda,
Com a galera da minha cabeça.
Sem pressa né?
Vou tentar lembrar que x e + apesar de parecerem,
Muda tudo no final,
“AI MEU DEUS, SERÁ QUE TÁ LIMPANDO MINHA RETINA TAMBÉM?”
Lá vem ela dizer que "a aparência não IMPORTA,
Quando na verdade, além dela e do nome, TUDO é o significado que COMPORTA."
