O que serão das cabeleireiras das PARDAS?
O que serão das cabeleireiras se toda parda for obrigada a ficar com o cabelo natural?
O que serão das cabeleireiras se toda parda que frequentar seu salão só for pra lavar?
O que serão das cabeleireiras se toda parda que frequentar seu salão disser que não vai mais alisar?
O que será dos relacionamentos do futuro, se toda parda só tiver que se relacionar com homem preto, pra dizer que está fazendo justiça social?
O que será das pardas de baixa renda se seus filhos pardos continuarem a serem excluídos?
Tem um movimento estranho por aí.
Tem um lá que defende que fruto de mãe ou pai pardos discriminados é sujeito alforriado,
Nos dias de hoje?
Tem um lá, que diz representar, mas de acordo com suas próprias premissas, deve se levantar e DOAR o seu lugar e voltar a ESTUDAR!
AMÉM!
A BÊNÇÃO!
Tem um lá que defende a inclusão, mas na hora contratar a faxineira, nem olha na cara, olha pra mão pra ver se tem esmalte,
Sabe da discriminação ESTRUTURAL e INSTITUCIONAL, mas tá tão cansado coitado,
Que tem que servido, no lugar que está.
Tem um lá que acho que tudo pode comprar,
Mas o que será da liberdade estética?
Será que quem se pinta, quer mesmo se pintar?
Vocês que estão aí,
Pararam pra se perguntar?
Ou RACISMO ESTRUTURAL que fazia minha MÃE acordar cedo pra prender seus
cabelos,
Igual aos coques dos filmes das SECRETÁRIAS BRANCAS,
PARA NÃO SER CHAMADA DE FEIA OU LOUCA,
O mesmo RACISMO que a FEZ estimular as filhas para serem vistas como se “lindas” fossem,
Parecendo a XUXA e suas paquitas, pintassem, alisassem, cortassem os cabelos,
PASSASSEM UM PÓ na cara e escondessem as marcas naturais,
O mesmo RACISMO e PRECONCEITO que conduzem mulheres a serem submissas de regras que elas nem sabem que não são LEGAIS, HUMANAS ou MORAIS,
O RACISMO e PRECONCEITO que me fazem recalcular a rota pra falar por mim e por
outras,
Estimulá-las a pensar nos motivos,
Ir na RAIZ dos meus pelos, cabelos “DUROS” e DOS DESAFIOS ESTRUTURADOS,
Nos tecidos que formam a minha musculatura,
E DÃO FORÇA, PRA AGUENTAR, O DESAFIO QUE ME DEREM SEM QUESTIONAR SE ME FARÁ MAL,
Até depois ir ao médico,
Pedir uma “droguinha” testada e aprovada pra curar,
Fazer uma terapia,
Seja a minha mancha na pele,
A ansiedade,
O luto não curado,
Porque não dá tempo de fazer na hora,
Eu tenho que trabalhar,
Me alimentar,
Porque se parar...
Perco o mérito na carreira,
Dá medo de voltar,
E ver tudo o que poderia ter sido feito,
Por todos,
Não dá,
Eu já escolhi,
Eu vou ajudar as cabeleireiras e as moças que aprenderam desde pequenas,
Que pintar o cabelo faz bem,
Que seus cabelos são lindos e luz, cheios de energia, VOCÊ SABIA?
"Nem todo mundo aguenta a energia de uma pardinha ou uma pretinha quando se põem a fazer o que quiserem e quando quiserem,
Meu Pai virou até eletricista, homem branco em casa de 6 sararás!"
Ajudar a fazer os olhos se iluminarem, NA FRENTE DO ESPELHO!
Quem dirá lá um BATOM VERMELHO,
Um cabelo alisado,
Meu Deus!
“Tá amarrado!? Repreendido!?”
Ressuscita até defunto,
Mas o que vai ser das cabeleireiras?
O que vai ser dos filmes antigos?
PODE JOGAR TUDO FORA?!
AGORA?
EU NÃO POSSO MAIS ME TRAVESTIR?
EU ME SINTO BEM ASSIM!
EU GOSTAVA QUANDO MINHA MÃE PASSAVA O PENTE 10 VEZES EM CADA MONTINHO DE CABELO, SÓ PRA
FICAR MAIS LISO E MÁCIO, ACALMANDO A ELETRICIDADE ESTÁTICA,
AFINAL,
PAI BRANCO NÉ?
“PRIVILÉGIO!”
O que vai ser do planeta TERRA?!
Será que pra vencer todas as ações minuciosas ESTRUTURADAS do preconceito
teremos que “PROVAR” e limpar a bagunça dos olhos olheios?
Para aqueles que um dia criaram leis que pra ser bonito tinha que ser igual,
A eles,
Trabalhar o dobro e ganhar menos,
NADA MUDOU NÃO É MESMO !?
VOCÊS SÓ TIRARAM O SANGUE!
Ninguém pode voltar na história,
Mas tem que pagar!
Recompensar,
E pra começar, pode ser a morte dos meus pais? Dá?
A minha morreu por falta de emprego e saúde pública.
O meu pai morreu pelos mesmos motivos.
Minha Tia também, saúde pública.
Mas eu tenho umas amigas cabeleireiras que vão ficar sem emprego, se a nova regra for : pra ser “PARDA”
eu não puder nem alisar meu cabeloe tiver que fazer um videozinho mostrando toda a minha FENOTIPIA, vai ficar complicado, ILEGAL E INVASIVO.
Se pra ser parda eu tiver que tirar um tempo pra ativar a minha melanina,
Porque enfurnada em umas caixas o dia todo eu vou perdendo a COR,
Igual minha tia,
Que até um banho de cândida tomou,
Pra ver se a aceitariam no emprego num escritório no futuro.
Não culpo seus olhos amaldiçoados pelo preconceito!
EU CULPO SEUS PAIS POR NÃO TE ENSINADO O QUE É RESPEITO AO PRÓXIMO,
E HOJE JÁ QUE TEM IDADE,
CONHECIMENTO E VONTADE,
VAI APRENDER,
AOS POUCOS VOCÊ CHEGARÁ LÁ,
NO NÍVEL DE SABER ENXERGAR,
NA ESTRUTURA EU VOCÊ VIVE,
AS RESPOSTAS PARA TODOS OS SEUS “PROBLEMAS”!
Como diz minha professora "SAI DAQUI!",
Que tem solução,
Porque é só uma situação.
Não se ofenda não,
O NÃO QUE RECEBO CONSTANTEMENTE,
POR SER MILITANTE, PETISTA, MULHER, VULNERÁVEL, EXPOSTA A SEXUALIDADE, PARDA E ESTUDANTE DE VERDADE já nem dói mais!
MAS DOEEEEU,
NA ALMA,
UM DIA,
E TODA A MINHA ANCESTRALIDADE LÁ COVA SENTIU!
E me mandaram amor,
Pois a dor que sentiram na carne,
Pelas dor das chicotadas, das vidas privadas do bem viver, dos bens pessoais destinados a outro ser,
DOERAM IGUAIS,
E ficaram aqui armazenadas.
Pra eu escrever,
E se não consegue entender de onde vem essas ideias,
Tá na GENÉTICA!
NÃO PRECISO FICAR ESCREVENDO O TEMPO TODO.
É igual o seu músculo,
Do glúteo,
Se já tiver nascido com ele fortalecido,
Não precisa ficar indo na academia,
Um exercício só vai ajudar a modelar.
Amigas cabeleireiras não se preocupem,
Vou mandar um filé pra vocês cuidarem,
Em algum dia meus cabelos naturais serão todinho de vocês!
E O DAS MINHAS MIGLIS TAMBÉM!
PORQUE SE TEM UMA COISA QUE “MULHER” AMA É SE TRAVESTIR! OU PARECER ALGUMA COISA DIFERENTE DO QUE SÃO!
Uma boquinha pintada, um cílios grandão, um cabelo escorrido, um narizinho empinhadinho, a pele esticada, bumbum na nuca, unha pintada, bronzeado, roupinha lacradora, sapato de salto ou tênis da moda!
ISSO A GENTE AMA!
E FAZ!
SEM MEDO DE SER FELIZ!
ENTÃO NEM SE META E FIQUE AÍ, NEM VEM ME ABRAÇAR!
Porque eu devo estar cheia de vírus, “ECA” né?



