DONDE YO VIVO
É por aqui que yo vivo,
Parece um studio,
Mas é a sala de um apartamento,
A SALA,
ALI no canto tem uma mala,
Mais pra frente uma arara,
A mala é emprestada,
Mas a arara é minha,
As roupas também,
Eu divido tudo,
E me incluo,
Em minha cabeça,
Parece bagunçado?
Ou deveria ter um cômodo específico?
Não,
Tá arrumado,
E S T R U R A D O.
Eu tô feliz por aquí,
A água a gente ferve e põe no galão,
A cama cede espaço para o tapete no chão,
Sobre ele, o varau!
E durmo de frente para o fogão,
Estranho…
Mas eu que escolhi,
Eu pedi,
Estar de frente para a LUZ,
Sempre!
Tem uma coisinha,
Sabe essa cozinha?
Não é minha,
É das minhas amigas,
Você não liga, né?
Quando a gente aprende que BEM maior é o que tem dentro da gente,
A gente vive junto de GENTE que quer mesmo é cuidar um do outro,
Bem na essência,
Viver momentos,
Alegres e dar aquele abraço,
Conversar,
Com quem estiver do seu lado,
Em qualquer espaço,
Que te couber,
E aqui,
Me cabe,
Aos poucos e com o amor meu e dos meus próximos eu me construo,
Espiritual, Mental, Física,
Profissional e Economicamente,
Do meu jeito,
Se eu tiver opção,
Vou escolher…
E se eu não tiver,
Eu persistirei até ter.
Mas me pertencer antes de tudo e depois me conectar a todo mundo,
Mesmo daqui,
Donde yo vivo.
Inspirada por Humberto ECO e sua forma de escrita livre e por Raul Seixas na música
Não Fosse o Cabral
“Não Fosse o Cabral
Tudo aqui me falta
A taxa é muito alta
Dane-se quem não gostar...
Miséria é supérfluo
O resto é que tá certo
Assovia que é prá disfarçar...
Falta de cultura
Ninguém chega à sua altura
Oh Deus!
Não fosse o Cabral...
Por fora é só filó
Dentro é mulambo só
E o Cristo já não güenta mais
Cheira fecaloma
E canta La Paloma
Deixa meu nariz em paz...
Falta de cultura
Ninguém chega à sua altura
Oh Deus!
Não fosse o Cabral...
E dá-lhe ignorância
Em toda circunstância
Não tenho de que me orgulhar
Nós não temos história
É uma vida sem vitórias
Eu duvido que isso vai mudar...
Falta de cultura
Prá cuspir na estrutura
Falta de cultura
Prá cuspir na estrutura
Falta de cultura
Prá cuspir na estrutura
E que culpa tem Cabral?...”



