EX-pasMÔ
Eu prefiro ouvir,
SIM, é pra isso que eu vim,
Sou eu que vivo utopicamente em outro contexto,
Então prefiro escrever esse texto.
O que fazer quando se ouve absurdo,
E não pode mudar o mundo?
Nas minhas poucas experiências na vida,
Eu preferi guardar em mim a emoção de espanto e ficar contida.
Contida, quietinha, só continuar e acreditar na maioria, BOA,
"Fazer a egípcia" "Me fingir de louca", OU À TOA,
Até que, minhas mãos começaram a tremer,
Meu corpo formigando e meu coração acelerado a bater.
Uma mancha no braço aqui, uma fobia ali,
Os espasmos que ninguém queria tratar acolá e aqui.
Eu não conseguia desabafar, pois o olhar da maldade era o meu,
As pessoas inconsequentes se fingindo de amorzinhas e o médico nem um diagnóstico deu.
Tentei me aliar a quem escreve teoria e estuda a sociedade,
Mas eu ainda não tenho idade, nem para esses sintomas, muito menos para essas enfermidades.
Eu tinha idade para ser violada, eu tinha idade para aquela vaga, ser selecionada,
Eu tinha idade para ver meus pais adoecerem, no trajeto, no trabalho, na precariedade e não poder fazer nada.
Ainda me olham com nojo e subjugam a minha pele, meu cabelo e minha maquiagem,
Minha existência é sinônimo de dúvida? Não faz mal, eu fico na margem.
"AM'ELLA", só ela diz que posso ser assim e ficar no meu cantim,
Tem tanta coisa por aqui, NESSA UTOPIA não se atribui o preço, mas valor e tira minha dor, sim.
Mas além de ouvir eu vejo, vejo, independente das vestes,
Independente do CEP.
Adaptar deveria entre parenteses, ACOMPANHAR,
(aquilo que amassou, rasgou, cortou, quebrou, derreteu ou expandiu, para caber, sem reclamar).
Eu sei que sozinha não vou solucionar,
Então prefiro respeitar,
Tenho outros meios de captar,
Mas para o RIO eu não vou voltar.



