VÔ.i.là !

 


Fonte: Vigilância Sanitária alerta comerciantes de Colíder sobre lei que proíbe despejo de lixo nos canteiros centrais das avenidas - Prefeitura de Colíder (colider.mt.gov.br)

 

Eu vi as sacolas sendo descartadas,

Uma a uma fizeram uma pilha,

Eram tantas que formaram uma ilha,

Eu nem imaginava,

O que poderia ter ali,

Eles são novos por aqui,

Nem fui ver,

LIXO?

EU É QUE NÃO VOU MEXER!

POR QUE ME METER?

Segui na limpeza da calçada,

Fechei o portão.

Mas quando fui comprar o pão,

O canto do lixo estava "limpo",

Nadinha!

Nem o saquinho do banheiro.

ESTRANHO!

MUITO ESTRANHO!

Quem teria feito isso?

Tudo recolhido,

Será que foram os mesmos?

Ai Meu Deus, e daí?

Não é da minha conta,

Até que...

Um rapaz que também não é daqui,

Passou com o carrinho de catador,

Hey,

Ele pensa que eu não percebi?

Eu sei olhando nos olhos quem está habituado com essas ruas,

E não era o caso,

Não fiz caso,

Mas por acaso,

As sacolas estavam todas lá.

Na carrocinha dele,

Oxi,

Será que estavam combinados?

"Eu jogo no canto do lixo,

Você passa e pega!

Uma entrega,

Sem contato."

Acho que não tenho nada para fazer,

Ou estão tentando fazer sem eu perceber,

Já que vi,

Me envolvi!

Vou seguir ele,

Sem que perceba,

Se bem que se estiver vibrando medo ele vai me notar,

Eu vô i là!

Voilà!

Olha ali no cantinho,

Sentado,

Abrindo uma por uma,

É o cara,

Ele tem uma mala,

Eu vou fingir estar em uma ligação,

Ligar a câmera,

Filmar tudo.

Virei o rosto e não vi mais nada,

Só deixei o celular no  jeito,

Para ver depois.

Esperei...

Um minuto ou dois,

Virei e ...

Cadê? Acho que ele se foi,

Ao menos eu filmei.

Vou pra casa,

Assistir sentada.

Para o meu desespero,

A vizinha nova estava na calçada,

Atordoada,

Eu só olhei e ela já começou a falar,

Chorando...

Aos prantos,

"Eu joguei o Meu BEM mais valioso,

Eu joguei,

Estava na caixa do que eu não usava mais,

A fonte da minha doçura,

Meu contato com o divino,

Tinha poderes sobrenaturais,

Eu nem pra ela olhava mais,

Vislumbrada com o que parece,

Esqueci do que importa,

Minha bússola orientadora,

Feita a mão e com pedras do espaço,

Estou desorientada!"

E eu com o olho arregalado,

Disse: "Moça eu tenho tudo gravado!"

Mas quando eu fui olhar no celular,

Estava travado,

Nos primeiros 10 segundos,

Eu filmei só o canto,

Era pra pegar ele sentado,

O estranho é que nem som tinha.

"Fica tranquila minha Senhora,

A bússola só queria te mostrar,

VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE GRAVAR!

Mas se tentou,

Tudo bem,

Eu não merecia ela,

Ela tem o dom de fazer os olhos acenderem,

De dentro pra fora,

Mudar de cor,

Para enxergar,

Ninguém vê com os olhos da alma por aqui.

Uau,

Tinha me esquecido disso,

É SOBRE ISSO 👈,

Não é uma questão de merecer,

É sobre aprender,

Que nem um 'objeto' tão sagrado é direito de alguém,

Nem mesmo de quem o fez,

PROPRIEDADE é para quem ainda não estudou a origem das civilizações,

Para perceber,

Que 'do nada' a galera toda endoidou,

E olhava para coisas e pessoas,

Dizendo Sou o Seu Senhor,  você é MEU,

Se fazendo de Deus,

Escrevendo nos papeizinhos para dar ênfase a ideia,

Registrando e assinando eletronicamente, 

Outros sedentos,

Usurpando, roubando, expropriando, TENTANDO TOMAR ou 'RECUPERAR'...

HÁ HÁ HÁ!

Mas tá bom,

É isso aí!

Eu aprendi... isso que importa,

Agora deixa eu varrer a minha porta!"

Eu só balancei a cabeça e saí vazada,

Antes que esse vídeo vaza,

APAGUEI!

Sortudo desse rapaz hey,

Nunca passou nessa rua e já "pegou ela pra ele"...

NINGUÉM QUER MEXER NO LIXO...

Dá nisso!

A galera tá curtindo mais esses aqui...